Logan nasceu no dia 13 de julho de 2015 as 10:13 da manhã pesando 3,700 Kg. Um bebê lindo, forte e saudável. Alguns minutos após seu nascimento percebi uma movimentação entre as enfermeiras na sala de parto, estavam esperando que alguém viesse avaliar sua cabeça.
Perguntei do que se tratava, e me disseram que tudo estava bem, que a cabecinha dele tinha um formato diferente do convencional, mas que em poucos dias iria desaparecer. Sua testa era pontudinha, saliente pra frente, e nas têmporas tinham uma espécie de amassado.
Na manhã seguinte o pediatra (um senhor muito conceituado por aqui) veio ao nosso quarto nos falar da avaliação que havia feito no Logan, tratei logo de perguntar sobre a cabeça.
O Dr. me respondeu que estava tudo bem, que ele era perfeitamente saudável e que a cabecinha dele poderia ter adquirido aquela forma devido a posição que ele estava dentro do útero. Lembro bem das palavras dele falando era a forma que Deus havia feito a cabecinha dele. Assim acreditamos e assim fomos pra casa.
Durante as visitas que fomos recebendo nossos amigos falavam sempre q estava melhorando, que estava "desamassando", mas sinto que na verdade nós íamos nos acostumando com aquele formato, e sinceramente, ele é lindoooooo!!!!!
Os dias foram passando e fomos na consulta com o pediatra. Logan tinha 10 dias e tinha engordado 640 gramas. Ele crescia firme, forte e lindo! E o médico pediu que voltássemos em duas semanas para vê-lo novamente.
No dia 6 de agosto chegamos para nossa consulta que aparentemente seria de rotina. Logan estava com 5 semanas de vida. O médico avaliou, pesou, olhou a cabeça dele varias vezes, perguntou se eu tinha alguma pergunta e se retirou. Voltou com uma outra médica, que pela diferença de idade era visível ser muito mais experiente que ele. Os dois conversaram entre si, olhavam a cabeça, olhavam anotações, e depois de um minuto de silêncio se dirigiu a mim.
Ela então me perguntou se a cabecinha dele parecia normal pra mim. Eu respondi que ele era assim, que havia nascido com aquele formato. Ela pediu que eu passasse a mão na cabeça dele e sentisse a moleira, e me explicou que estava muito pequenina, que provavelmente estaria fechando. Pediu que eu voltasse novamente em duas semanas, pois ela queria acompanhar mais de perto o desenvolvimento da moleira dele, e me alertou que se fosse constatado que estava fechando ele teria que ser encaminhado para o neurocirurgião.
Senti como se eu não pertencesse ao meu corpo. minhas pernas bambearam, minha garganta deu um nó e eu chorei. Chorei ali mesmo na frente dos médicos, só lembro da palavra neurocirurgião ecoando na minha cabeça.
Em casa fui pesquisar sobre a moleira do bebê, e já comecei a ficar preocupada. Meu marido tentava me acalmar dizendo que estava bem, que nosso filho estava forte e que não tinha nada de errado com ele, mas meu coração de mãe não conseguia se acalmar.
Duas semanas se passaram e dia 20 de agosto finalmente chegou. Não via a hora de encontrar aquela médica novamente e saber se estava tudo bem com meu filho. Para minha decepção ela não estava trabalhando aquele dia e quem estava na clínica era o mesmo pediatra que tinha avaliado o Logan no momento do seu nascimento.
Ele então fez o exame de rotina, disse que tudo estava ótimo e perguntou se eu tinha alguma pergunta. Falei pra ele que a médica tinha ficado preocupada com o formato da cabeça e com o fato da moleira estar se fechando e ele friamente me respondeu que meu filho tinha nascido com
craniossinostose. Explicou que o crânio era composto por várias aberturas, e quando essas aberturas se fecham prematuramente causava essa assimetria, mas que não era nada para se preocupar, pois ele estava bem.
Uma pausa agora, só de lembrar dele falando com aquela frieza meu coração até acelera de nervoso.
Perguntei se não era melhor encaminhar pra um especialista vê-lo, ele me respondeu que não havia necessidade e se retirou.
Assim que cheguei fui pesquisar sobre craniossinostose. Então minha preocupação de antes deu lugar ao desespero. Meu filho precisava de ajuda, precisava ser visto por um neurocirurgião, precisava de exames e o pediatra dele simplesmente ignorou.
Voltei na clínica no dia seguinte e conversei com a recepcionista. Pedi que fosse feito o encaminhamento, falei que eu estava preocupada e que não ia conseguir ficar em paz se meu filho não fosse visto por alguém que entendesse do assunto. Aqui nos Estados Unidos eu precisaria desse encaminhamento do pediatra, não poderia levar por conta própria ao neurocirurgião. Ela prontamente me deu um formulário para que eu preenchesse pedindo o encaminhamento, e pediu que voltasse dois dias depois pra pegar.
Dois dias depois fui toda feliz buscar o encaminhamento, e chegando lá adivinhem só: negado. Sim, o médico negou, segundo ele era desnecessário.
Conforme os dias foram passando mais eu me informava sobre a craniossinostose. No dia 10 de setembro nós teríamos nossa consulta para tomar as vacinas. Eu queria estar preparada pra guerra. Me muni de argumentos e informações e chegando lá de nada valeu. Me respondeu que continuaria avaliando e acompanhando ele de perto, que não era necessário passar pelo neurocirurgião e que se tivesse sofrendo de alguma pressão intracraniana o pouquinho que ainda estava aberto da moleira estaria estufado pra cima. Foi quando caiu a minha ficha do absurdo que eu estava ouvindo. Não perdi meu tempo nem argumentando, meu filho não merecia estar ali, realmente era hora de mudar de clínica pediátrica.
Conversando com amigos aqui e ali, uma amiga me recomendou que eu tentasse levá-lo na clínica que ela levava seus filhos. Me passou o número e me garantiu que se tivesse algo de errado com meu filho, ela saberia o que fazer!
No dia seguinte, 14 de setembro, logo de manhã liguei e expliquei que meu filho tinha sido diagnosticado com craniossinostose, e que eu procurava por uma segunda opinião, e conseguimos que ele fosse encaixado ainda no mesmo dia.
Troquei rapidamente de roupa, amamentei meu anjinho e seguimos para o consultório. Quando chegamos não demorou para sermos atendidos. A pediatra nem levou muito tempo pra avaliá-lo, foi reta e direta. Disse que meu filho tinha craniossinostose, que ele precisa ser visto por um neurocirurgião pra avaliar a gravidade do caso dele e nos deu o encaminhamento.
Foi uma mistura tão grande de sentimentos. Por um lado a tristeza de se confirmar o diagnóstico, sim, meu filho tem craniossinostose, mas por outro, um alívio, finalmente ele iria ser visto por um neurocirurgião.